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Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca parada, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto - preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um caminho.


Caio F. Abreu

2 Responses to “ ”

  1. Lauren says:

    Agradeço a passagem por lá!!!!!!

    E concordo sobre o CAio!!!! Original e simples!!!

    Amei seu blog tb!!!!!!

    beijos

  2. Thatá says:

    Caramba, que texto lindo e tocante. To até sem palavras (e olha que isso é meio difícil hein, rs). Amei Amei Amei. Aliás, todo o teu blog é de extremo bom gosto.
    To seguindo.
    bjs

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