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Archive for 08/10

setembro


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Assim como uma gestação, meu blog completa neste 9º mês 1000 visitas.Obrigada a todos os amigos (conhecidos pessoal e virtualmente), meus alunos e minha família por deixarem aqui sempre palavras carinhosas.
Setembro chega.É certo que com ele a primavera chega.Os pássaros e as flores serão outros.Escutemos os sons das árvores balançando ao sabor do vento.Os cheiros adocicados misturados à nossa natureza humana quase sempre tão fria.Sintamos a primavera.Pois ela chega com toda suavidade e esplendor.


Debaixo d'água - Maria Bethânia


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Debaixo d'água tudo era mais bonito
Mais azul, mais colorido
Só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Debaixo d'água se formando como um feto
Sereno, confortável, amado, completo
Sem chão, sem teto, sem contato com o ar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Todo dia, todo dia
Debaixo d'água por encanto sem sorriso e sem pranto
Sem lamento e sem saber o quanto
Esse momento poderia durar
Mas tinha que respirar
Debaixo d'água ficaria para sempre, ficaria contente
Longe de toda gente, para sempre no fundo do mar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
todo dia
Todo dia, todo dia
Debaixo d'água, protegido, salvo, fora de perigo
Aliviado, sem perdão e sem pecado
Sem fome, sem frio, sem medo, sem vontade de voltar
Mas tinha que respirar
Debaixo d'água tudo era mais bonito
Mais azul, mais colorido
Só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Agora que agora é nunca
Agora posso recuar
Agora sinto minha tumba
Agora o peito a retumbar
Agora a última resposta
Agora quartos de hospitais
Agora abrem uma porta
Agora não se chora mais
Agora a chuva evapora
Agora ainda não choveu
Agora tenho mais memória
Agora tenho o que foi meu
Agora passa a paisagem
Agora não me despedi
Agora compro uma passagem
Agora ainda estou aqui
Agora sinto muita sede
Agora já é madrugada
Agora diante da parede
Agora falta uma palavra
Agora o vento no cabelo
Agora toda minha roupa
Agora volta pro novelo
Agora a língua em minha boca
Agora meu avô já vive
Agora meu filho nasceu
Agora o filho que não tive
Agora a criança sou eu
Agora sinto um gosto doce
Agora vejo a cor azul
Agora a mão de quem me trouxe
Agora é só meu corpo nu
Agora eu nasco lá de fora
Agora minha mãe é o ar
Agora eu vivo na barriga
Agora eu brigo pra voltar
Agora
Agora
Agora


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Mês apertado este de agosto.Dias que não paro para escrever, para ler...meu blog ficou um tanto esquecido.Algumas atribulações às vezes nos tiram da nossa rotina, bagunçam um pouco a vida.Mas nada que não possa ser resolvido.O corpo cansa, a alma também.Se o coração sofre, pela veia mais dolorida, a do cordão umbilical, fico mais  sensível, sinto perder um pouco o foco. Tudo vai dar certo.


Que, finalmente, o outro entenda: às vezes me esforço mas não sou nem devo ser a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa - uma mulher.


Que o outro não me considere sempre disponível, sempre compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.


Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.


Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.


Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza.


Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.


Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.


Lya Luft



Fanatismo - Florbela Espanca


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Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah!  Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

Escolha


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Lindas palavras de Elisa Lucinda.


Eu te amo como um colibri resistente
incansável beija-flor que sou
batedora renitente de asas
viciada no mel que me dás depois que atravesso o deserto.
Pingas na minha boca umas gotas poucas
do que nem é uma vacina.
Eu uma mulher, uma ave, uma menina…
Assim chacinas o meu tempo de eremita:
quebras a bengala onde me apoiei, rasgas minhas meias
as que vestiram meus pés
quando caminhei as areias.

Eu te amo como quem esquece tudo
diante de um beijo:
as inúmeras horas desbeijadas
os terríveis desabraços
os dolorosos desencaixes
que meu corpo sofreu longe do seu.
Elejo sempre o encontro
Ele é o ponto do crochê.
Penélope invertida
nada começo de novo
nada desmancho
nada volto

Teço um novo tecido de amor eterno
a cada olhar seu de afeto
não ligo para nada que doeu.
Só para o que deixou de doer tenho olhos.
Cega do infortúnio
pesco os peixes dos nossos encaixes
pesco as gozadas
as confissões de amor
as palavras fundas de prazer
as esculturas astecas que nos fixam
na história dos dias. 

Eu te amo.
De todos os nossos montes
fico com as encostas
De todas as nossas indagações
fico com as respostas
De todas as nossas destilarias
fico com as alegrias
De todos os nossos natais
fico com as bonecas
De todos os nossos cardumes
as moquecas.

Doce de domingo


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Inspirada no blog da Glorinha de Lion- cafecomglorinha.blogspot.com, resolvi escrever sobre uma outra paixão, além é claro, a de escrever e devorar livros.Glorinha outro dia, contou-nos sobre o delicioso "molho combina com tudo" ( e olha que combina mesmo), vou apresentar a vocês o meu doce preferido para aquele domingão à tarde, em casa com três filhos implorando: "mãe, faz um doce!".Além de gostar muito de doces, também adoro ficar na cozinha inventando coisa boa e testando outras que vejo por aí.
Devo ressaltar que não é uma receita minha e sim uma adaptação do famoso crepe de Arraial d'Ajuda - Os deliciosos crepes da Miloca(não dá para visitar Arraial sem comer um crepe salgado e alguns crepes doces. Quando visitar a Bahia, lembre-se desta dica e não deixe de provar o de Strognoff (salgado) e o de Nuttela (que adaptei para fazer em casa)
Faço uma massa básica de Panqueca, tudo batido no liquidificador: 2 ovos, 1 xíc de leite, 1 xíc. de farinha de trigo, 1 colher de café de pó royal, 1 pitada de sal, 1 colher de sopa de óleo de canola, 2 colheres de sopa de açúcar.Unto uma frigideira (teflon) e vou "assando" as panquecas bem fininhas.Depois faço uma caldinha de açucar, corto umas 6 bananas (prata), polvilho canela em pó e deixo dourar um pouquinho.Agora é só montar.Abra a panqueca  e passe uma "generosa" camada de Nuttela, coloque a banana, dobre a panqueca, coloque uma bola de sorvete de creme e use calda de sorvete de chocolate(não tinha, por isso não coloquei) para decorar.A parte mais difícil agora :SABOREAR! Sem culpa e sem contar calorias.Experimente aí e  me diga se valeu a pena. Acabamos de comer aqui... Abraço.