Archive for 05/10
Palavras e expressões a que se deve estar atento
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"cheiro de flor quando ri"
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A imagem abaixo foi retirada do perfumadíssimo Blog de Ana Jácomo.Conheci esta semana.Já sou seguidora e fã.Visite e comprove o talento desta artesã das palavras: anajacomo.blogspot.com
Apesar de
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Das palavras que transformam - Um recado para Ivânia
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"Pra gente aqui sê poeta,
"Pois aqui começam as palavras!
Quem escreve aponta o lápis com o canivete.
Cada gesto ensaiado entre os dedos da mão direita
desvela um pouco mais da face da lança
com que o homem se veste de Quixote
e desafia os moinhos e os silêncios.
Um pouco mais e a ponta preta aparece
e ele refaz esse milagre treze vezes
e cantarola uma canção de ninar
enquanto acorda a véspera do poema.
Ele fecha nas mãos a arma da ousadia
e recolhe da mesa lascas de sândalo e poeira.
Assopra dos dedos um pouco de fuligem
e suspira como Deus diante do barro
e como quem cria quando fala, ele escreve."
Carlos Rodrigues Brandão
"Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar."
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Contrária aos meus sentimentos, sinto que gritar agora é inútil.
Não gosto dos meus silêncios.
Mas tenho-os, pois já não tenho escolha.
Minha voz se cala, e a tal ponto a garganta se fecha, que já não encontro mais as palavras.
Até escandalizar está difícil.Meu vocabulário vazio.
Assim como a alma cansada espera o repouso, sigo fatigada dos meus lamentos.
Não há mais nada a perder.
Andréia Souto
Letra e música - Altar particular - Maria Gadú
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"Sem a música, a vida seria um erro."
Meu bem, que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
Do teu penoso altar particular
Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje, sinto que
o tempo da cura tornou a tristeza normal
Então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós
Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver como se deve ser
Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo, faço melhor do que lhe parecer
Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor
Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio
Esperando a resposta ao que chamo de amor
Estou com tudo a flutuar no rio
Esperando a resposta ao que chamo de amor
Estou com tudo a flutuar no rio
Esperando a resposta
Receita de Viver
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Raízes
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"A poesia é uma busca da Palavra essencial, a mais profunda, aquela da qual nasce o universo. Eu acho que Deus, ao criar o universo, pensava numa única palavra: Jardim! Jardim é a imagem de beleza, harmonia, amor, felicidade. Se me fosse dado dizer uma última palavra, uma única palavra, Jardim seria a palavra que eu diria."(Rubem Alves)
A poesia nasce da simplicidade, da sombra de uma mangueira, do canto de um pássaro, do gosto de fruta madura.Tenho um canto de poesia... Um canto de terra, de casa simples e cheiro de mato. Tenho a inspiração da poesia, a chama do fogão a lenha acesa, a palavra dita e as que ainda estão por vir.Tenho minhas raízes.
Tenho sol e tenho chuva. A brisa no fim da tarde, lua cheia e insetos.
Tenho o universo.E junto com ele:beleza, harmonia, amor e felicidade.Eis minha poesia.
Andréia Souto
Criativamente
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O texto a seguir foi retirado do blog: "Criativamente" .Achei formidável a maneira como os "motes" são criativos e os textos belíssimos.Uma ótima lição para quem pensa que escrever "é um bicho de sete cabeças".Inspire-se...
Palavras escolhidas:
Silêncio
Alma
Gosto dos meus silêncios.
Gosto de ouvir o que têm para me dizer. Gosto de me deter sobre os seus sons.
É neles que a minha alma é mais verdadeira.
Os meus silêncios são ilhas de calor que apetecem vestir e albergam minha voz.
São um caminhar de passos seguros que me levam para lá de mim, para lá da minha alma.
Os meus silêncios não são solidão, têm cores suaves, são aconchego, cheiram a camisolas quentinhas acabadas de tricotar, sabem a Verão, parecem o mar, são a Paz.
A palavra como salvação
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Curtos momentos não são momentos vazios, rápidos.Ao contrário, são momentos valiosíssimos onde a troca de experiências, os olhares, as leituras (do mundo e de todos) excelem todas as outras leituras.Um grupo de professoras,(sim, todas mulheres!)reunidas com objetivos definidos, descontentamentos, preocupações, soluções e acima de tudo um brilho no olhar que nos difere:todas as rimas de poetas,todas as letras, todos os textos... E a esperança!Ah, essa sim, a esperança de engravidarmos corações e mentes com a descoberta constante da palavra e da escrita, enfim com a descoberta do mundo.Para salvar-nos, para salvá-los, para viver.
Andréia Souto
Clarice Lispector - A descoberta do mundo
Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Hoje repito:é uma maldição, mas uma maldição que salva.
Não estou me referindo a escrever para jornal.Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance.É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui.E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende à menos que se escreva.Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador.Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada...Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros.
Flor de maio, flor da noite, flor de mãe
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Em dezembro do ano passado,estampei junto com minha saudade a "flor de mãe" como carinhosamente chamamos uma linda flor branca que " só se abre a luz da lua".Falamos ontem sobre a flor, coincidência ou não, citada nos versos de Efrahim Maia.Mais uma vez, na união de nossos mais puros sentimentos fomos levados a emoções passadas, onde já não existe dor, somente um vazio;uma saudade cortante...Entoamos cantigas, derramamos nossas lágrimas, mas não lavamos nossa alma.Rimos, partilhamos e dividimos o que cada um de nós tem de mais puro: as raízes brejeiras, o encanto pelas coisas simples; um pássaro,o fogão à lenha aceso , um pedaço de chão, o sabor da fruta madura.E os momentos são puros, e a veracidade de um verso me vem à cabeça: "as coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão, mas as coisas findas,muito mais que lindas, essas ficarão."Bendita seja a memória, que nestes momentos de ausência, projeta em meu coração sua presença,minha querida mãe, Mires Dalva Pena. Flor da noite - Efrahim Maia Oh, minha flor só e tristonha só se abre a luz da lua só se abre quando sonha a lua clara pelo ar Noite, canta e conta o seu segredo É feitiço ou é brinquedo que ao dormir esquece o medo desabrocha sem pensar Eu oculto minha face pra que ela não me veja Ah! se o coração falasse: Seja minha! Seja minha dor do dia Minha flor da noite Triste alegria minha flor da morte e nas sombras nuas eu me esguio a espiar minha flor só e tristonha só se abre a luz da lua só se abre quando sonha a lua clara pelo ar.